sexta-feira, 13 de abril de 2012

Entrevista: Luis Gustavo Albino










 
Graduado na Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL - 2001
Pós-graduado em Endodontia
Especialista e Mestre em Dentística - UNG
Prof. Departamento de Dentística da Universidade Guarulhos - UNG
Prof. Coordenador de Morfologia aplicada - UNG
Prof. Curso de Estética APCD- Saúde
Prof. Coordenador do Curso de Estética Avançada do Ateliê Dr. Luis Gustavo
Membro da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética
Membro da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica



1-      Qual a grande tendência de odontologia estética hoje?

Creio que a grande Tendência da Odontologia é cuidar da saúde do seu Paciente e isso se aplica a Odontologia Estética também, conhecer, saber indicar e utilizar as diversas especialidades na otimização do resultado final é fundamental para o sucesso do tratamento, ser o mais conservador possível e preservar ao máximo a estrutura dental sadia deve estar permeado em nossos atos.  Acredito muito que o planejamento aliado à previsibilidade, estudo e ética profissional são os princípios lógicos para a chave do sucesso. Hoje investimos muito na individualização de cada caso clínico, tentando suprir ao máximo todos os anseios de nossos pacientes. Na nossa concepção o que rege as tendências da Odontologia Estética é a busca sempre do melhor, é se superar a cada caso é ver o brilho nos olhos de nossos pacientes e dizer “Hoje fiz o meu Melhor”; para isso é fundamental estarmos vinculados a cursos, a revistas científicas, ter foça de vontade e principalmente paciência para a vida. Seria tendencioso em falar faça Resina ou faça Cerâmica,  na verdade faço o que for melhor para o paciente, embasado em um minucioso Planejamento Clínico.     
       
2-      Existe um kit de resina ideal?

Procuro sempre que possível, entre Universidade, Clínica e Cursos, ler muitos artigos sobre resina composta. Considero a resina um dos materiais mais difíceis de se manipular e acho que posso extrair dela o máximo que ela pode me proporcionar, mas acredito fielmente que um sistema de resina composta não é capaz de suprir todas as necessidades clinicas. O que observo é que cada resina tem suas particularidades.     Perpetuo minha concepção com um livro clássico de dois dos maiores restauradores  que acompanho, Didier Dietschi & Roberto Spreafico, onde dizem que nunca vai existir um sistema restaurador ideal que supra todas as necessidades do Clinico Geral. O que posso afirmar é que em 100% dos meus casos clínicos finalizo com uma resina nanoparticulada, devido a sua grande esculpibilidade e ao polimento fantástico que nos proporciona.  

3-      Para dentes posteriores, o que você acha da “técnica do carimbo”?

A Técnica do “Carimbo” é muito interessante, eu vi essa técnica pela primeira vez no ultimo congresso da Revista Clinica, na palestra brilhante do Prof. Edson Araujo, que demostrou em vídeo, o passo a passo. Quando cheguei à Universidade a qual faço parte do Departamento de Dentística, comecei a procurar alunos para testar se realmente aquela técnica funcionava , o que posso adiantar é que depois de 3 tentativas consegui um resultado perfeito com quase “zero” de ajuste  oclusal. Hoje depois de ter feito mais de 10 casos, o que observo é que todos eles sem exceção estão em perfeito estado. Entretanto ressalto que a técnica restauradora, propriamente dita, é apenas uma das fases críticas do processo restaurador. A sensibilidade de desenvolver um caso clínico duradouro deve sempre estar ligado a todos os passos interdependentes por qual passamos, desde a anestesia ate o polimento final. Infelizmente observamos que a venda indiscriminada de restaurações em resina composta sem o mínimo de conhecimento eleva a taxa de insucesso clínico colocando em” xeque” o operador e o material.
  
4-      Quais os princípios básicos para a análise estética do sorriso?

Bom, a análise do sorriso é totalmente dependente da análise facial uma vez que dependemos de um mínimo de beleza estrutural para denotar a qualidade do resultado final de nossa composição estética. Portanto identificar algum tipo de assimetria facial é identificar que o caso esta comprometido. Tomaremos por base que um paciente chegue à nossa clínica para reabilitarmos somente o sorriso, visto que não apresenta nenhuma discrepância facial, o que realmente analisamos é:  Tecido Gengival, relação dentolabial, relação dental e por fim um estudo de cores detalhados. Mas ressalto que, para tal, necessitamos de um material imprescindível para o Cirurgião Reabilitador Estético, Uma maquina Fotográfica Profissional  com tomadas específicas que nos elevarão a taxa de sucesso final.

5-      Você utiliza pigmentos nas suas restaurações de resina composta. Eles são fundamentais para alcançar alta estética com resinas compostas?

Quando nos referimos a dentes posteriores há controvérsias. Já tive que refazer restaurações por pacientes que não gostaram da pigmentação dos sulcos. Acho fundamental para a clínica diária que esse processo seja muito bem discutido com o paciente assim evitamos problemas futuros.
Já quando nos referimos a dentes Anteriores, conseguimos otimizar alguns casos clínicos com pigmentos intrínsecos principalmente quando não temos espaços para trabalharmos com resinas de esmalte acromáticos, nesse ponto vou um pouco mais a fundo, os pigmentos são fundamentais e me proporcionam preservar estrutura dental sadia. Tenho aceitação em 100% dos meus casos. 

6-      O mock-up é indispensável para reabilitações estéticas dos dentes anteriores? Como você faz o mock-up estético?

Quando comecei a realizar restaurações de dentes anteriores, tínha que fazer  todo o trabalho à mão livre. Hoje, com a evolução da técnica, nos privilegiamos de obter um guia através de um processo pré- restaurador chamado de Enceramento Diagnóstico, mas a evolução foi além e começamos então a levar esse enceramento para a boca com uma técnica simples e eficiente . Com o aumento da demanda de restaurações estéticas com resina composta direta, eu e minha equipe criamos um protocolo de trabalho o qual consideramos ser imprescindível.  Envolvido nesse protocolo está o Mock up. Não fazemos mais nenhum caso sem a prova do enceramento e a aprovação do Paciente. Compilamos o maior numero de dados possíveis até o ato operatório. Acredito que assim evitamos intercorrências durante nosso trabalho. Todavia, esse simples e eficaz procedimento engloba uma serie de passos envolvendo a moldagem com silicone de adição, obtenção de um modelo de trabalho sem stress e totalmente fidedigno. Ainda na mesma sessão faço o registro de mordida e  protocolo fotográfico incluindo cabeça e pescoço. Enviamos o máximo de dados possíveis ao Técnico em Prótese Dentária para a realização do enceramento diagnóstico, pós confecção do enceramento. Com um silicone de condensação  moldamos o enceramento e obtemos a matriz. Na mesma sessão afastamos e protegemos o tecido gengival com fio afastador 000 e isolamos os dentes, a  serem tratados, com vaselina sólida. Finalizando o processo, aplicamos a resina  Bis-acrilica na matriz e levamos em posição na cavidade oral. Passado o tempo de reação de presa, removemos a matriz e todos o excesso . O mais importante em nosso procedimento é deixar o paciente à vontade frente ao espelho por 5 minutos assim ele decide se deve aceitara as mudanças ou não.
     
7-      O que o clínico geral precisa saber para realizar restaurações em dentes anteriores com estética satisfatória?

É importante que o clínico se conscientize que para oferecer um tratamento elaborado ao paciente. Este precisa se atualizar, se permitir conhecer novas técnica treinar em bancada e, principalmente, persistir. Dentes anteriores de composição ou o Cirurgião ganha o paciente ou ele perde o paciente. Essa carga de responsabilidade nos leva a tentar atingir a excelência, pois trabalhamos no “fio da navalha’’ e nosso compromisso é poder oferecer um trabalho de ponta.    

8-      Você tem algum dentista que trabalhe com resina composta e que te inspira?

Muitos me inspiram em 12 anos de profissão nunca vi um Cirurgião Dentista com tanto conhecimento técnico e teórico que nem o Prof. Sidney Kina, o qual tive o prazer de conhecer. Além dele, o Roberto Spreafico, Didier Dietschi, Claudio Pinho (o qual tive a oportunidade de fazer um curso excepcional), Newton Fahl , Pascal Magne, Ronaldo Hirata. E eu ainda não poderia deixar de ressaltar o grande pai de todos o Prof. Luiz Narciso Baratieri. Me inspiro também nos grandes ceramistas, como o Paulo Battistella, Alberto Calazans, Marcos Celestrino, Michel Magne, Murilo Calgaro! Enfim, sempre procuro me apoiar nos melhores, porque um dia quero ser um deles.  


Entrevista realizada por Eduardo Souza Junior

quinta-feira, 12 de abril de 2012

LEDs para fotoativação: o que há de novo?

Desde que foram criados para substituir os aparelhos de lâmpada halógena, os LEDs passaram por grandes mudanças. Os primeiros LEDs (1° Geração) possuiam uma irradiância baixíssima (em torno de 150 mW/cm2), e havia a necessidade da utilização de vários LEDs dentro do mesmo aparelho. No entanto, as pesquisas mostravam que os aparelhos de lâmpada halógena (QTH) ainda eram melhores que os LEDs de 1° Geração. Sendo assim, os LEDs de 2° Geração foram desenvolvidos, alcançando-se uma irradiância alta, semelhante aos aparelhos QTH, possuindo poucos LEDs no interior do aparelho. Mas ainda assim, tem-se questionado a eficiência de polimerização desses LEDs de 2° Geração para alguns materiais resinosos, especialmente resinas para dentes clareados e resinas de efeito e alguns cimentos resinosos, como o Panavia F (Kuraray). Isso ocorre porque os LEDs de 2° Geração possuem o espectro de emissão luminosa exclusivamente para ativar a canforoquinona, que é o fotoiniciador mais presente nos materiais à base de resina. Porém, algumas empresas utilizam outros fotoiniciadores além da canforoquinona, como o PPD e o TPO, que não são bem excitados pelo LED de 2° Geração. Com isso, houve a necessidade de se desenvolver LEDs que tivessem um pico de luz que atingisse esses fotoiniciadores. São os novos LEDs de 3° Geração. Esses aparelhos possuem 2 picos de emissão de luz: um para a canforoquinona e outro para os fotoiniciadores no espectro luminoso ultra-violeta. Isso faz com que haja uma tendência de mercado, em substituição definitiva dos aparelhos de lâmpada halógena pelos "super-poderosos" LEDs de 3° Geração. Ainda assim, deve-se sempre ler a bula do material resinoso em questão e utilizar de ciência, para uma correta fotoativação dos materiais resinosos. No Brasil, o único LED de 3° Geração disponível para compra é o Bluepase G2. Lembrem-se: Para uma boa fotoativação, deve-se somar um bom aparelho fotoativador + proteção ocular com óculos laranja + limpeza dos restos de resina da ponteira da fonte de luz + boa manutenção regular dos aparelhos + ler a bula do material a ser fotoativado. E que venha a luz...

Os LEDs de 3° Geração hoje no mercado são:

-Bluephase G2 (Ivoclar Vivadent)
- VALO (Ultradent)
- Smartlite Max (Dentsply)
- G-Light (GC)




LEDs do Bluephase G2. Notem a disposição em quadrantes e que somente 1 dos 4 LEDs está emitindo luz Ultravioleta


Bluephase G2
VALO
Smartlite Max

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Entrevista: Ronaldo Hirata




Graduado em 1994 pela UFPR.
Especialista em dent. rest. UFPR em 1996
Mestre em materiais dentários  PUC-RS em 2002
Doutor em dentística restauradora pela UERJ em 2008
Clínica privada desde 1995
Ministrante de cursos desde 1996
Professor de graduação de 1996 a 2006
Cursos ministrados no Brasil, America Latina, EUA, Europa
Editor chefe da revista DICAS
Autor do livro TIPS




1-      Qual a grande tendência de odontologia estética hoje?

Acredito que a tendência da odontologia estética seja procedimentos cada vez mais conservadores, onde o esmalte dentário é o foco principal. A valorização do selamento e adesão realizada neste esmalte é o que mais chama atenção.
O segundo ponto que me parece bastante forte é a influência do dissilicato de lítio nas indicações de cerâmicas bastante conservadoras e com resistência adequada. A versatilidade atual do uso da cerâmica a base de dissilicato é formidável.
A terceira acredito que tenha relação com os sistemas adesivos, com clara tendência aos autocondicionantes, queria você ou não.
A quarta talvez seja direcionado a resinas compostas: técnicas simplificadas de estratificação, com menos cores e variações serão a rotina, sem a grande viagem blasé que passamos em outras fases.

2-      Quando você está na frente do público, ministrando uma palestra, sempre espera-se uma ótima aula. Você se inspirou ou se inspira em alguém?

Espelhar é difícil e negativo porque cada um deve encontrar um estilo e forma de apresentação e comunicação, mas exemplos temos vários. Dois deles que gosto muito de assistir são o prof. Baratieri e o prof. Kina. Sempre é motivador e agradável sair de um curso deles, a sensação sempre é positiva, e este é o sentido de se assistir alguém: sair motivado para mudanças.

3-      Em relação às resinas compostas, qual a evolução mais marcante na sua opinião desses materiais?

Vou ser sincero, ela é bem parecida hoje com o que era a 20 anos atrás. Olhe o Herculite (Kerr), você acha realmente que as resinas são muito diferentes desta resina de vinte e poucos anos atrás?

4-      Como você desenvolveu sua habilidade de esculpir tão bem com resinas compostas?

Tive sempre dificuldade com dentes posteriores e adquiri uma obsessão por escultura, até um dia que tive um click vendo uma imagem de um dente, e minha técnica mudou sensivelmente. Busquei sempre cursos para protéticos, entre eles os de enceramento, e sempre observei muito técnicas e dentes. Acima de tudo indico sempre buscar uma fonte inspiradora como o prof. Paulo Kano, o mestre.

5-      Há um kit ideal de resina? Quais cores você indicaria para um kit básico de resina composta?

Escolha uma marca de resina microhíbrida, nanohíbrida ou nanoparticulada (Não importa) e compre:
A3, A2 e A1 dentina
A3, A2, A1 e dentes clareados esmalte
Uma resina de efeito incisal transparente (incisal ou transparente)
Uma resina translúcida levemente esbranquiçada como por exemplo PF (Vitalescence), trans 20 (Ivoclar vivadent), WE (Z-350 XT).

6-      Tem-se ouvido falar muito da técnica semi-direta de restaurações em compósito. Há limite entre a utilização de onlay de resina indireta e cerâmica?

Vejo um tendência de pequenos onlays e inlays serem direcionados para resinas compostas devido a margem oclusal que ser deteriora muito com sistemas cerâmicos, incluso dissilicato de lítio. Para grandes overlays com certeza indicaria cerâmicas.

7-      Vejo nos seus cursos que você planeja a escultura da resina na restauração visando uma boa distribuição de contatos oclusais, evitando assim ajustes oclusais demasiados. Qual a importância desses conceitos de oclusão na prática diária?

Esta é uma função da escultura: direcionar contatos e ajuste oclusal, não para ser bonito. Os ajustes corretos estabilizam posicionamento dental, equilibrando o sistema e evita a ocorrência de contatos prematuros ou interferências oclusais.

8-      Para você, ainda há indicação de utilização de resinas flow em restaurações em resina composta?

Uso muito em situações onde clinicamente a resina composta restauradora tem dificuldade de adaptação clínica (veja, estou falando de adaptação clínica e não contração). Acho admirável tantas pessoas falarem e se preocuparem tanto em contração volumétrica de 3,5% ou 4% e deixando buracos e falhas de adaptação na cavidade como tem acontecido. Temos que aprender a adaptar a resina na cavidade, manipular corretamente. Parece óbvio mas não é.

9-      O que você espera o futuro das restaurações de resina composta?



Uma resina que seja passível de ser utilizada com maior conversão de polimerização, mantendo mais polimento e com 6 cores somente.

Entrevista realizada por Eduardo Souza Junior